quarta-feira, 27 de agosto de 2014

"Entrando fora padrões"



Num belo lugar do planeta Terra, vivia uma jovem chamada Pheeby que desde tenra idade tinha um sério complexo com relação a sua aparência. A principal queixa era com relação a sua altura. Ela se achava pequena demais e que sua baixa estatura chamava muito a atenção de todos ao seu redor. Aquilo realmente a incomodava fazendo com que ela se sentisse insegura e inferior.


Ela não chegava a ser tão baixa  para ser considerada uma anã e mas também estava longe de ter altura suficiente para deixar de ser baixinha. Ela buscou todas as formas possíveis para alterar sua condição. Tudo que pudesse favorecer para mascarar sua deficiência ela usava: roupas extravagantes, sapatos com saltos, chapéus altos, etc. Infelizmente essas táticas não costumavam favorecer pois acabava chamando a atenção toda para ela fazendo com que fosse sempre julgada como maluca, excêntrica, exibida, arrogante, etc. Adjetivos que não refletiam nada de verdadeiro com a real personalidade de Pheeby.


Sua vó fazia benzimentos e simpatias para ajudar a neta crescer pelo menos alguns centímetros todos os anos, a maioria a pedido da própria neta. Sem contar as receitas de gemadas que a sábia vovó prometia fazer verdadeiros milagres. Pheeby ouviu falar até de que as mulheres da Rússia recorriam a uma cirurgia estética que consistia em quebrar os ossos da pernas para que o osso cicatrize maior, resultando no aumento de alguns míseros centímetros. Sonhava em fazer essa plástica bizarra mas aquilo estava longe alcance  e tudo que ela tentava em nada ajudava e ela continuava cada vez mais infeliz e triste.


Um dia enquanto ela esperava no ponto de ônibus, apareceu um grupo de atletas de vôlei. As garotas chegaram animadas após uma tarde de treinos e sacudiam seus rabos-de-cavalos enquanto tagarelavam assuntos aleatórios sobre comemorações, competições ou  algo do tipo. Mas Pheeby não prestou muito atenção, ela ficou impressionada mesmo foi com tanta generosidade de Deus por dar todo aquele potencial de altura para aquelas garotas. Sentiu-se envergonhada por admitir uma terrível inveja de todas aquelas meninas. Media todas com o olhar procurando algum defeito que pudesse fazer com que ela se sentisse melhor e mais bonita. Analisava a qualidade dos cabelos, da pele, cor dos olhos, tamanho da boca, pés, tudo. E depois se sentia pior do que de costume.


Tudo que havia nela parecia cada vez pior. Já não era só a altura que estava incomodando, agora tinha também o peso, o cabelo e a pele. Ah! Lembrando também dos pés. Ela passou a detestar tanto a aparência dos seus pés que recusava-se a usar sandálias e chinelos mesmo quando o clima estava quente.

Um dia ela assistiu um documentário sobre o povo pigmeu,  fantasiou na possibilidade de viver naquela parte do mundo como se fosse uma rainha. 


 Ela adormeceu e teve um sonho bizarro, onde caiu de avião durante uma viagem mas sobreviveu sendo salva e acolhida por uma tribo de pigmeus no meio de uma selva africana, onde todos eram bem menores que ela. Mas nada saiu exatamente como ela imaginava. O povo da tribo cuidou e alimentou de Pheeby por aproximadamente 7 dias e todos pareciam cada dia mais animados para o "grande dia especial". Ela ingenuamente achou que seria o dia em que ela seria resgatada, já que apesar de agora ela ser a mais alta da turma ela passou a ser o centro das atenções e ela realmente não gostava de chamar a atenção. Já não suportava mais a saudade de sua família, dos amigos, da sua vida. Percebeu o quanto foi boba por se incomodar tanto com sua aparência. Ela era saudável, inteligente e sabia ser muito divertida nos seus dias bons.


O tal "grande dia especial" chegou, as mulheres da tribo esquentavam água em seus caldeirões, os homens traziam especiarias  e todos cantavam e dançavam alegremente. Pheeby sentia-se deslocada e angustiada por não ver nada que realmente pudesse lembrar o prometido resgate. Foi então que o líder da tribo chamou-a  para se aproximar  do local onde costumavam sacrificar os animais e explicou que toda tribo precisava de seus poderes  e o quanto ela era valiosa e especial para eles. Ele agradeceu aos Deuses por esse presente poderoso e especial; naquele clima de muita festa e cantoria, a derrubaram sobre o altar de pedra e rapidamente cortaram sua garganta. O líder tomou um pouco do sangue que espirrava de sua garganta e em seguida passou um recipiente com o sangue para que todos pudessem absorver um pouquinho de todo aquele poder e energia do precioso "suco". Depois já com o corpo totalmente morto, mas ainda quente. Rapidamente começaram o preparo e a limpeza de Pheeby para que  ela pudesse ser servida a todos no jantar especial daquela noite.


Pheeby acordou num salto cheia horror e desespero. Correu para o banheiro  completamente enjoada e vomitou. Lavou o rosto e se olhou no espelho... depois foi pra sala, sentou no sofá e olhou fixamente para seus pés e pensou por alguns instantes. Então calçou um par de tênis e saiu correndo. Correu tanto e enquanto corria, agradeceu aos Cosmos por toda sua força, beleza e disposição. 


Depois de alguns quilômetros percorridos, ela voltou pra casa exausta e tomou um banho. Depois olhou novamente no espelho de dessa vez realmente gostou do que viu. Se sentiu saudável, bonita e charmosa. Finalmente conseguiu reconhecer que é possível feliz com sua forma única e autêntica. Sentiu um poder que jamais havia sentindo antes, algo que ela não sabia que tinha e descobriu assim, num insigth.


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Nota Importante:  "Este conto é uma obra de ficção, totalmente criada a partir da minha imaginação. Qualquer semelhança com a realidade é uma mera coincidência." Autora: Priscilla Picasky da Costa ♥

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